quarta-feira, 9 de junho de 2010

Conselho de Segurança da ONU vota hoje sanções contra o Irã

Conselho de Segurança da ONU vota hoje sanções contra o Irã.

Por Gustavo Chacra, do Estadão:

Depois de mais de seis meses de discussões diplomáticas, o Conselho de Segurança das Nações Unidas votará nesta quarta-feira, 9, a quarta rodada de sanções contra o Irã. A expectativa é de que, dos 15 membros do órgão, apenas Brasil, Turquia e Líbano não apoiem o texto. Até a noite de terça, o governo brasileiro não havia decidido se votaria contra ou optaria pela abstenção.

“A resolução será levada para votação amanhã (hoje), às 10 horas (11 horas de Brasília)”, disse o embaixador do México, Claude Heller, que atualmente exerce a presidência do CS. A embaixadora dos EUA na organização, Susan Rice, acrescentou que “está confiante na aprovação de uma forte resolução e com amplo apoio”.

Brasileiros e turcos recusaram-se a participar da elaboração das sanções que buscam frear o programa nuclear iraniano. Apesar disso, haverá um trecho no texto da resolução, ao qual o Estado teve acesso, enfatizando a importância “dos esforços do Brasil e da Turquia” para chegar a um acordo com o Irã.

De acordo com a resolução, deve haver mais restrições às atividades militares, financeiras e mesmo de livre trânsito para autoridades iranianas do que nas três anteriores. Um dos anexos lista 40 entidades com os bens congelados. Entre elas, estão 15 controladas ou ligadas à Guarda Revolucionária que, segundo alguns analistas, está no comando do atual governo iraniano, em uma aliança com o presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Outras três empresas relacionadas à IRISL (sigla em inglês para a companhia de navegação iraniana) também foram incluídas. Javad Rahiqi, o chefe da central nuclear de Isfahan, um dos lugares onde há enriquecimento de urânio, é a única pessoa física presente no anexo. Não ficou claro o motivo que levou à sua inclusão, e não o de outras autoridades iranianas. O Brasil e a Turquia, que fizeram um acordo com o Irã para tentar evitar esta quarta rodada de sanções no CS, expuseram na terça as suas posições em debate político no conselho.

Segundo a embaixadora brasileira, Maria Luiza Viotti, o Brasil concorda que o Irã não deva ter uma bomba atômica, mas o País discorda que a resolução seja, neste momento, a melhor saída para impedir os iranianos de produzirem uma arma nuclear.

“Nossa declaração conjunta (do Brasil, Turquia e Irã) nunca buscou resolver todos os problemas relacionados ao programa iraniano. Foi apenas uma medida de construção de confiança, para discussões mais amplas sobre a questão”, afirmou a embaixadora brasileira na reunião de terça do CS.

Proposta brasileira
Diplomatas de outros países que integram o conselho consideram ingênua a proposta brasileira. Segundo eles, o acordo proposto pelo sexteto, composto pelos cinco membros permanentes mais a Alemanha, feito em outubro, não tinha mais validade em maio. Neste período, os iranianos continuaram enriquecendo urânio e o valor de 1.200 kg se tornou insuficiente.

Em entrevista para a imprensa iraniana, Ahmadinejad disse que “se os EUA pensam que podem aprovar sanções e depois se sentar para negociar, eles estão enganados”. Segundo os iranianos, seu programa nuclear tem fins civis. Os EUA e seus aliados acusam o regime de Teerã de estar desenvolvendo armas atômicas.

Na terça, o Parlamento iraniano afirmou que reconsiderará a cooperação de seu país com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) caso o CS aprove novas sanções.

O presidente da Comissão de Segurança Nacional e Relações Exteriores do Parlamento, Alaedin Boroujerdi, porém, se mostrou confiante no fato de países como China e a Rússia, que têm direito a veto no CS, “agüentarem a pressão dos EUA pela aprovação da resolução”.

Dr. Luiz Arnaldo de Oliveira Lucato
Vice-Presidente

Nenhum comentário:

Postar um comentário