sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Seguro-fiança ganha espaço do fiador no mercado de locação

Seguro-fiança ganha espaço do fiador no mercado de locação


FOLHA DE S. PAULO - MERCADO

O seguro-fiança ganhou participação nos contratos de locação residencial nas grandes cidades, tirando espaço do tradicional fiador e do depósito de caução.

Na cidade de São Paulo, esse tipo de garantia passou de uma fatia de apenas 9,4% em junho de 2005, primeiro ano da pesquisa no formato atual, para 27,4% no mesmo mês deste ano, segundo o Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis).

De olho nessa expansão, as seguradoras investem no aperfeiçoamento do produto, ampliando a cobertura além da inadimplência com aluguel, incluindo também pintura, água, luz, gás e danos ao imóvel, entre outros.

"A participação tende a crescer. Em dez anos, acredito que seja a garantia predominante nas grandes cidades", afirma José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP, lembrando as dificuldades em conseguir um fiador nesses locais.

Para ele, as alterações na Lei do Inquilinato, em vigor desde janeiro, podem contribuir para essa expansão, devido à maior facilidade do fiador para se desvencilhar do contrato.

Em caso de divórcio do casal que mora no imóvel, por exemplo, o fiador pode se eximir da responsabilidade 120 dias depois da notificação ao locador, em vez de ficar "preso" mesmo que não conheça bem o cônjuge que permaneceu na moradia.

RAPIDEZ
Na avaliação de Jaques Bushatsky, diretor de legislação do inquilinato do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), o seguro-fiança "é a melhor modalidade porque é a única em que o locador recebe automaticamente. Nas outras, é preciso entrar com uma ação de despejo para então fazer a cobrança".

Segundo ele, o período entre a decisão favorável a uma ação de despejo e o recebimento dos aluguéis atrasados pode chegar a um ano.

Para Viana, um dos empecilhos à aceleração do ritmo de crescimento ainda é o valor do seguro-fiança. "É muito caro. As seguradoras imputam uma taxa de risco muito alta", analisa.

Na Porto Seguro, que domina esse segmento, o pagamento varia de 0,8 a 1,3 vez o valor do aluguel. Apesar disso, segundo o gerente da empresa Luiz Carlos Henrique, há inquilinos que também preferem o seguro-fiança, mesmo tendo uma despesa extra com a locação.

Assim, diz, conseguem se livrar do constrangimento de sair em busca de um fiador em locais em que têm poucos ou nenhum amigo ou parente para pedir o favor.

"Há muito o que crescer. O produto ainda tem baixa utilização por desconhecimento dos locadores", analisa Rogério Vergara, presidente da comissão de crédito e garantia da Federação de Seguros Gerais. "Quanto maior for o volume de adesões, menor será o custo unitário. A tendência é que o preço caia."

Arrecadação para seguradoras sobe 435% em 5 anos

O prêmio do seguro-fiança, referente ao pagamento dos clientes às seguradoras, atingiu R$ 90,3 milhões no primeiro semestre, 5% acima de igual período em 2009.

O montante representa mais de cinco vezes o valor contabilizado no mesmo intervalo em 2005, segundo a Susep (Superintendência de Seguros Privados).

O analista de operações Rubens Pezzotti contribuiu para esse salto. Depois de uma experiência problemática em um imóvel alugado que tem para complementar a renda, no qual a garantia era o fiador, ele resolveu só aceitar seguro-fiança.

O inquilino fez modificações estruturais e ainda queria descontar do aluguel o valor gasto, além de não pagar o IPTU nem a multa rescisória. "Tive que entrar com uma ação. Com certeza não voltarei a aceitar fiador."

De olho nesse nicho, a rede comercial da Mapfre "está se preparando para atacar o mercado onde há demanda por esse produto, observando as particularidades regionais", de acordo com Glaucio Toyama, diretor de negócios financeiros da empresa.

"O grande promotor" desse produto, completa, são as imobiliárias, por isso a importância de ter um sistema integrado a elas. (TR)


Dr. Luiz Arnaldo de Oliveira Lucato
Vice-Presidente

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