sexta-feira, 28 de maio de 2010

Ainda a Questão Iraniana

Ainda a Questão Iraniana


Na Folha Online.


"A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou nesta quinta-feira que os Estados Unidos e o Brasil têm “sérias discordâncias” em relação ao programa nuclear do Irã, apesar de as relações bilaterais em outros temas serem boas. Hillary disse ainda que o Irã está apenas usando o Brasil, e que atitudes como a do Brasil e da Turquia tornam o mundo mais perigoso.

Essas foram as declarações mais diretas feitas até agora sobre como os EUA veem a negociação brasileira e turca com os iranianos sobre seu programa nuclear. O Ocidente teme que o Irã pretenda desenvolver armas nucleares, mas Teerã afirma que o seu programa tem fins pacíficos.

“Sem dúvida, temos sérias divergências com a política diplomática do Brasil em relação ao Irã”, disse Hillary. “Mas nossa discordância não mina nosso comprometimento de ver o Brasil como um país amigo e parceiro”, completou, questionada sobre como Washington enxergava o papel do Brasil na diplomacia global. “Nós queremos uma relação com o Brasil que resista ao teste do tempo”, acrescentou.

Hillary afirmou ainda que o Irã estaria apenas usando o Brasil para ganhar tempo e evitar sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

“Nós dissemos (aos brasileiros) que não concordamos com isso, que pensamos que os iranianos estão usando o Brasil, nós achamos que é hora de ir ao Conselho de Segurança”, disse Hillary, ao responder questões de jornalistas sobre a nova estratégia de segurança da administração Barack Obama, divulgada nesta quinta-feira

Hillary alegou que o acordo firmado com o Irã sob mediação do Brasil e da Turquia apenas serve para dar mais tempo para o país persa atingir suas ambições nucleares e impede a unidade da comunidade internacional em responder ao Irã. Ela continuou, dizendo que atitudes desse tipo tornam o mundo mais perigoso.

“Nós achamos que dar mais tempo ao Irã, permitir que o Irã evite a unidade internacional a respeito de seu programa nuclear torna o mundo mais –e não menos– perigoso.”

Hillary disse que a visão dos EUA –não compartilhada pelo Brasil– é de que o Irã só vai concordar em negociar sobre seu programa nuclear após o impor sanções mais duras contra o país.

Em Brasília
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou nesta quinta-feira que o acordo de troca de combustível com o Irã mediado por Brasil e Turquia atende às solicitações dos EUA e é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada.

Em entrevista coletiva em Brasília ao lado do primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, Lula disse que os envolvidos em negociações nucleares com o Irã precisam pensar em diálogo, e não em confronto.

Erdogan afirmou também que o momento não é o adequado para discutir sanções contra o Irã, que reafirmou à Turquia não ter planos de construir armas nucleares.

Lula reforçou que a lista de condições acatadas pelo líder iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, está muito próxima das propostas colocadas pelos Estados Unidos, em carta anterior ao acordo, endereçada pelo presidente Barack Obama tanto para o Brasil como para a Turquia.

O primeiro-ministro turco comentou, durante entrevista coletiva no Itamaraty, que “aqueles que criticam o processo são invejosos, fizemos o que era certo”. Os dois líderes formularam um documento sobre a questão nuclear iraniana para levar ao encontro do G20 (que reúne os países desenvolvidos e emergentes), em junho, em Toronto (Canadá).

Os dois presidentes afirmaram que o comprometimento com o programa nuclear iraniano não será interrompido. Erdogan disse, inclusive, que já encaminhou cartas a 27 países. O líder disse estar convencido de que Teerã não tem fins bélicos em seu programa nuclear."
(…)



Comento.

Dos quinze membros do Conselho de Segurança da ONU, apenas Brasil, Turquia e Líbano são contra a imposição de sanções ao Irã. A Turquia é vizinha, mantém relações comerciais com o Irã e as sanções lhe são comercialmente prejudiciais; ademais, o governo turco não pode prever como reagirá o Irã em caso de sanções. O Líbano possui o governo fortemente aparelhado pela organização terrorista Hezbollah, que por sua vez é financiada pelo Irã.
Líbano e Turquia, portanto, possuem razões óbvias para se posicionarem contra as sanções.
Mas e o Brasil? Por que o Brasil defende a posição iraniana? A resposta pode ser sugerida, mas ainda não é clara. Pretenderia o Brasil também o enriquecimento de urânio em proporções suficientes para ter uma bomba nuclear?
É só uma das indagações!
Esta é a razão da afirmação da Casa Branca. O Brasil está sendo usado!

Dr. Luiz Arnaldo de Oliveira Lucato
Vice-Presidente

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